Não é só nos filmes nº7
- Story of my life Blog
- 16 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
“Não sei por onde começar. Queria contar a minha história para que outras pessoas em situações parecidas estivessem mais atentas, só por isso. Mas não quero que saibam quem sou.
O que me aconteceu foi muito mau, foi há muitos anos mas ainda sonho com isso (aliás tenho pesadelos).
Os meus pais abandonaram-me. Quando tinha cerca de 9 anos o companheiro da minha avó começou a tentar tocar-me sempre que ficava sozinho comigo. Depois começou-me a mostrar filmes pornográficos para eu aprender e ficar com vontade de fazer igual. Tinha muito nojo dele mas medo também.
Um dia arranjei coragem e contei à minha avó que não acreditou em mim e até me ralhou, nesse dia chorei todas as lágrimas que tinha. Senti-me sozinha e culpada, aguentei mais uns tempos evitando sempre ficar em casa só com o monstro. Era ele que pagava tudo em casa, as minhas despesas da escola também, todos me diziam que lhe devia ser muito grata. Pois a mim só me apetecia…. é melhor não dizer…
Quando ele perdeu a vergonha toda e tentou realmente despir-me, gritei e fugi de casa. Procurei ajuda junto dos meus vizinhos e mais tarde na escola, e finalmente fui salva. Vivi anos num lar de acolhimento para onde foram também as minhas irmãs depois de mim, pois só descansei depois de as ter comigo. Muitos anos depois descobri que uma prima minha também foi vítima daquele homem, mas que infelizmente não conseguiu fugir como eu e aguentou calada (não consigo escrever isto sem chorar).
A minha avó acabou por se separar dele, aliás foi ele que a deixou com vergonha de ter sido acusado de abuso sexual, foi para bem longe. Não se fez justiça por falta de provas mas fico contente de o ter afastado da minha família, mesmo que a minha avó não me tenha protegido como devia.
Os meus melhores anos foram os de institucionalização, foi ali que senti família, senti colo e senti paz”.

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