Luz na escuridão
- Story of my life Blog
- 23 de mai. de 2021
- 2 min de leitura
Vamos olhar para o lado positivo?
No lar da santa cruz tenho a garantia de conforto e proteção. E ainda muitos extras como a carta de condução, acesso a experiências diferentes de voluntariado, férias de aventura, uma cadela incrível e colo! Sim, colo, carinho e afeto.
Os telejornais por vezes dão conta de atrocidades que são feitas em algumas casas de acolhimento e fico muito revoltada com isso. Mas há muito bom trabalho a ser feito nesta área, o sítio onde vivo é disso um ótimo exemplo.
Como perceberam esta é a minha 4º casa, então acho que é seguro dizer que tenho alguma experiência em relação a diferentes tipos de casas de acolhimento. Eram todas diferentes sem dúvida, mas o Lar da Santa Cruz foi o que mais se realçou pela positiva. Primeiramente pela maneira incrível de como acolhem as novas meninas, refiro-me a todas as pessoas desde equipa técnica a residentes, todas de braços abertos, sempre muito amigáveis e prontas a ajudar. Depois pela forma ágil que têm de sinalizar e intervir para resolver os nossos problemas emocionais e psicológicos, tornando-nos em jovens emocionalmente estáveis e até felizes. E por último, pelo enorme esforço que fazem para que não nos falte nada, alimentação saudável (até para mim que sou vegetariana), roupa, educação, oportunidades, atenção e até férias em casas com piscina.
De entre várias coisas que eu tanto gosto nesta casa, sem dúvida as reuniões comunitárias são as minhas favoritas, esta reunião trata-se de um momento em que estamos todas juntas (meninas e técnicas), ao fim do dia (após os banhos e antes do jantar) para falarmos de tudo, desde uma notícia que deu no telejornal até às questões mais rotineiras, por exemplo. As nossas opiniões são ouvidas e respeitadas, aliás muitas das dinâmicas da casa são decididas com a nossa participação.
Devido ao facto de vivermos numa casa pequena isto permite que nos conheçamos melhor e que sejamos mais compreensivas umas com as outras, nas outras casas isso não acontecia pelo facto de sermos muitos e de não haver a mesma aproximação e confiança. As técnicas sabem o nosso nome completo e data de aniversário decor, tratamo-las a todas por “tu” e até rebolam no chão connosco se for preciso e a brincadeira o exigir. E ainda assim a hierarquia é sempre respeitada, é uma receita difícil de conseguir, mas vencedora.
Este é o meu cantinho, onde posso ser eu própria sem medos. No Lar da Santa Cruz encontrei pessoas para a vida toda que me dão educação, formação, valores e objetivos, e quando necessários castigos também. Tenho amor, muito amor. Hoje não me falta nada e tenho muito a agradecer ao Lar. Sinto-me segura, sinto-me feliz e quase completa!
Talvez este não tenha sido o texto mais interessante do blog, mas apetece-me dizer ao mundo que há lares bons, muito bons, pelas pessoas que os compõem e não pela sua geografia ou decoração. Quem trabalha nestes equipamentos e o faz de coração, tem o dom de mudar vidas e sinto que não são tão valorizadas como deviam. Eu serei eternamente grata por terem salvo a minha vida.
Aqui conheci também a minha família de afeto, daquelas “normais” que eu sempre quis, um dia conto como foi...

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