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Herança de Família
- Story of my life Blog
- 4 de mai. de 2021
- 2 min de leitura
Sabem aquela história engraçada de como a avó conheceu o avô? Ou aquele petisco que é a especialidade da madrinha? Sabem as recordações dos Verões com os primos? Ou o beijo de boa noite da mãe? Pois... eu não sei…
Esses conceitos só os vivi nos filmes e nos relatos dos amigos da escola.
Como se pode sentir falta de uma coisa que nunca se teve? Pois bem, eu senti. O amor de mãe.
Sempre senti falta de ter um porto seguro, de ter alguém a quem pudesse chamar “meu” (só meu!). Eu tive amor e carinho, aliás carinho pois amor só descobri muito mais tarde o que era. Lembro-me que no dia da mãe e do pai passava o dia na escola a fazer trabalhos manuais e a escrever cartas sem nomes no destinatário. Esses presentes ou os guardava ou então dava às pessoas que tratavam de mim no meu dia-a-dia.
Ficava com o coração apertado quando as mães iam buscar os filhos e eu ficava na porta da escola na esperança que alguém me fizesse o mesmo, nunca aconteceu! Ia sempre para o lar a pé e com os meus amigos da instituição o que, também servia de distração e brincadeira. Apesar de tudo havia união entre os miúdos que partilhavam o mesmo sofrimento.
Habituei-me a nunca ter um beijo de boa noite. Quando era convidada para festas de aniversário dos meus amiguinhos da escola ficava mesmo muito feliz, eram sempre o meu escape, diversão, conforto e comidinha boa (sempre fui uma gulosa) mas ao mesmo tempo ficava a pensar porque é que eu não podia ter uma festa assim. Mas, também a isso me habituei, com o tempo acabamos por nos habituar à realidade que temos, à nossa normalidade. Aprendi desde cedo a dar valor aos meus amigos e a fazer deles a minha família. Mas como mudei tantas vezes de instituição, muitas dessas amizades perderam-se. Na infância isso bastava-me, ria, dançava e apesar de saber que era diferente dos outros tinha muitos momentos de felicidade. Quando a adolescência apareceu é que as coisas mudaram, quando tomei consciência das implicações desta minha (má) sorte. Mas sobre isso falarei noutro dia.
P.S. - Quando fôr dia da mãe ou do pai, olhem à vossa volta e percebam que nem todos gostamos desses dias. Talvez quando eu me tornar mãe me faça mais sentido.

Inês, que orgulho tenho em si! ❤️
Que gira, Inês! Que fofinha😍