Fechar um ciclo

Há dois anos atrás decidi ingressar numa licenciatura. Sempre acreditei que o meu futuro estaria muito dependente do meu sucesso académico, daquilo que iria escolher exercer quando entrasse no mundo do trabalho.

Deixem-me dizer que não foi fácil, pensei em desistir muitas vezes, desvalorizei as minhas capacidades e a minha força. Chorei muito por considerar que não tinha capacidade para concluir o curso, cada dificuldade encontrada era um abalo na minha autoestima. Valeu-me a minha rede de suporte dentro do lar e na família de afeto para conseguir ultrapassar tudo.

Tive a sorte de poder ter muitas explicações/apoio, estudava dia e noite e nada parecia fazer com que me sentisse satisfeita em relação ao que sabia, a sensação era de um vazio de informação imenso e assim foi até ao meu último exame.

Quando percebi que não ia concluir a licenciatura ao mesmo tempo que os meus colegas senti que todo o meu esforço tinha sido em vão, senti-me impotente pois não sabia mais o que podia fazer para corrigir aquela situação. Pensava muitas vezes, «porque não seguiste outra coisa, porque não escolheste outra coisa mais fácil?» e remoía essa ideia vezes sem conta.

Neste último ano, eu sentia que não podia perder tempo para dar uma volta ou ver uma série porque se não aproveitasse todos os segundos que tinha para estudar e se depois não passasse a culpa seria minha por me ter distraído demasiadas vezes e ia ficar profundamente desiludida. E pior, achava que ia desiludir pessoas que eram importantes para mim.

Até que finalmente percebi, não por falta de tentativa de outros, mas percebi que a vida não é só tirar boas notas. É usufruir da vida de estudante, é acumular conhecimento e experiências, é aprender com os erros, é falhar e não desistir por causa disso.

Ter terminado este curso superior é para mim muito mais do que um diploma, é uma prova de que sou resiliente, sou capaz e cumpri um sonho antigo. Ainda tenho dificuldade em gerir o meu tempo, mas na próxima meta (o mestrado) vou também conseguir aprender a fazê-lo. Pelo menos vou tentar!

A felicidade que senti naquele último exame oral quando me disseram que passei à cadeira, é indescritível. Naquele minuto dissiparam-se todos os meus receios e fechei, finalmente, um ciclo.