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A força das palavras

Quando somos crescidos, olhamos para trás e sentimos aquela nostalgia de quando eramos pequenos, frágeis, inocentes e felizes, pois não entendíamos a maioria do que se passava à nossa volta. Eu tive momentos bons e outros muito maus como alguns de vocês já sabem e de certeza que também sentiram alguns na pele.


Estes momentos (bons ou maus) podem-se distinguir pelas pessoas que o compõem, pelo som, pelo cheiro, pelo sabor, pela força das palavras e/ou gestos, mas uma coisa é certa todos nós temos situações marcantes das quais nunca nos iremos esquecer.


Um momento que recordo da minha infância e que até hoje guardo no meu coração como um “happy place” era o Nestum que a minha tia-avó me fazia quando ía passar o fim de semana a casa dela quando era muito pequenina. Acordava ao som dos periquitos que o meu tio-avô tinha na varanda da cozinha e quando lá chegava para tomar o pequeno-almoço estava lá a minha tia a fazer o Nestum “grossinho” como eu lhe costumava pedir. Era o momento do dia que eu mais gostava, o prato de Nestum era acompanhado com uma torrada com manteiga e um copo de água. Às vezes ainda como Nestum mas o sabor não é o mesmo porque aquele vinha acompanhado de um pequeno vislumbre de família e normalidade.


Outra memória recorrente, mas menos boa era um grupo de raparigas que me perseguia todos os dias na escola quando andava no ensino básico e que me diziam sempre a mesma coisa: “ÉS GORDA, CHEIRAS MAL e AINDA POR CIMA ÉS FEIA” todos os dias durante imenso tempo, até que um dia fugi da escola. Nessa altura já me tinham batido, roubado, destruído o meu telemóvel na casa de banho e gozado comigo horas a fio fazendo-me chorar no recreio da escola vezes sem conta em frente a toda a gente. Ninguém me defendia porque tinham medo daquele grupo.


Neste exercício de memória dei por mim a escrever palavras soltas que deixo aqui para quem quiser reflectir sobre o que a mente de uma criança absorve; feia, gorda, mal-cheirosa, piolhosa, orfã, desaparece! impecilho, atraso de vida, não brincas aqui, não és como nós, pobre, não há comida hoje, dorme que a fome passa, não contes nada a ninguém! mato-te, experimenta só uma vez, burra, medricas, etc.


Sim são todas más, foi preciso um esforço acrescido para me concentrar nas coisas boas que também ouvi e ouço. Deixo também algumas para equilibrar a balança, que felizmente hoje em dia está mais pesada do lado positivo embora o negativo surja com uma perigosa facilidade. Cá vai; mana, madrinha, Ines fazendo inezices, orgulho de ti, confiável, indispensável, boa pessoa… Destas festinhas no ego são responsáveis também muitos dos seguidores que consegui com este meu cantinho, obrigada a todos. Todas estas palavras ou expressões foram-me ditas por alguém, às vezes as pessoas não têm noção da força que elas têm, do que podem provocar ou por outro lado da força que dão. Sempre me guiei pelo que os outros diziam, o mau e o bom. Hoje em dia tento acreditar mais em mim, mas ainda é um trabalho em progresso.


Deixa nos comentários uma palavra que te marcou.



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